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Foto do escritorEstêvão Palitot

1729/1739/1746/1760 | OS ALDEAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XVIII.

Atualizado: 5 de fev. de 2023

Neste mapa podemos observar a organização dos aldeamentos missionários durante a primeira metade do século XVIII até a implantação do diretório pombalino.



No mapa estão registradas quatro camadas de informações referentes aos anos de 1729, 1739, 1746 e 1760. Observamos em quatro momentos a estruturação do campo de atuação missionária e a alocação dos povos indígenas em espaços controlados nos aldeamentos.


A distribuição das aldeias entre as ordens religiosas era realizada a partir da Junta das Missões, uma espécie de conselho político composto pelo bispo, o governador de Pernambuco e os padres superiores das ordens missionárias: Companhia de Jesus, Franciscanos, Capuchinhos Italianos, Congregação do Oratório, Ordem do Carmo e a Ordem de São Bento.


Observamos que há uma relativa estabilidade nos aldeamentos, presentes em quase todos os espaços colonizados. Embora haja indicações de grupos vivendo em liberdade no sertão do Pajeú e no sertão do Rio Grande do sul, afluente do São Francisco. Podemos também encontrar informações sobre a filiação linguística e o contingente populacional das aldeias.


Na camada referente ao ano de 1729 chama atenção o fato de que as missões no Sertão de Rodelas, nas ilhas do São Francisco não estejam mencionadas. Muito provavelmente porque nesse período estavam sendo administradas pelos frades capuchinhos italianos a partir da diocese da Bahia, embora as ilhas ficassem na jurisdição de Pernambuco e as missões fossem das mais antigas, fundadas desde a década de 1670 (a esse respeito ver os trabalhos de Regni, 1988; Pompa, 2003 e Galindo, 2017).


As informações para o ano de 1739 mostram uma dispersão do número de aldeias em várias capitanias, indicando que mesmo sob controle missionário os povos indígenas desenvolviam dinâmicas territoriais próprias, buscando autonomia e fundando novas aldeias. O documento mostra uma reação colonial a essa dinâmica nas reiteradas propostas de unificação de duas ou mais aldeias que constam como observações para muitas das missões.


Esse movimento de centralização dos indígenas começa a se desenhar no relatório de 1746, que contem menos aldeias do que o de 1739 e vai ganhar impulso com a criação das vilas de índios após 1760.


A partir de 1760 é nítida a implantação do diretório pombalino na capitania de Pernambuco e suas anexas, com a expulsão dos jesuítas das aldeias que dirigiam e a transformação das mesmas em Vilas de Índios sob administração civil. Nesse período, os jesuítas estavam em 07 aldeias no Ceará e Rio Grande do Norte, incluindo a grande missão da Serra da Ibiapaba com mais de 4 mil indígenas.


Foram convertidas em vilas as seguintes aldeias.


  • No Ceará:

    1. Ibiapaba - Vila Viçosa Real

    2. Caucaia - Vila de Soure

    3. Parangaba - Vila de Arronches

    4. Paupina - Vila de Messejana

    5. Paiacu - Lugar de Monte-Mór

  • No Rio Grande:

    1. Guajiru - Vila de Extremoz

    2. Guaraíras - Vila de Arês


Estas aldeias eram habitadas por indígenas de língua geral (tupi) dos grupos Potiguara e Tabajara. Única exceção para a aldeia dos Paiacu, de língua Tarairiú, que além dessa aldeia estavam presentes também na aldeia de Guajiru. Na aldeia da Ibiapaba viviam ainda contingentes de outros grupos não tupi como os Anacé, Acaracú e Irariú.


Além dos aldeamentos e das vilas de índios registramos as cidades, vilas e freguesias mais importantes para o período e na jurisdição das quais as aldeias se encontravam.


FONTES:


[1729] CARTA do [governador da capitania de Pernambuco], Duarte Sodré Pereira Tibão, ao rei [D. João V], sobre a consignação a ser aplicada ao pagamento das côngruas dos vinte e quatros missionários das missões de Índios da capitania de Pernambuco [e suas anexas] Anexos: 9 docs. Obs.: Faz referência à Junta das Missões de Pernambuco e Angola. Data de 11 de julho de 1729. AHU_ACL_CU_015, Cx. 39, D. 347


[1739] Carta do Governador da capitania de Pernambuco, Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei D. João V, que remeteu para o Conselho Ultramarino as copias das Juntas das Missões e a distribuição das Aldeias. Caixa 55. Doc. 4767. (10/12/1739). Anexo: Relação de missões que há e da forma em que se podem... AHU_ACL_CU_015, Cx. 55, D. 4767.


[1746] Rellação das aldeias que há no districto deste Governo de Pernambuco e Cappitania da Parahiba, sugeita à junta das missoes deste Bispado. Descrição de Pernambuco com parte de sua história e legislação até o governo de D. Marcos Noronha, em 1746: e mais alguns documentos até 1758.


[1760] Relação das aldeias que há no distrito do governo de Pernambuco, e capitanias anexas, de diversas nações de índios. Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_LIVROS DE PERNAMBUCO, Cod. 1919, pp. 298-304

in: Medeiros, Ricardo Pinto de. Política indigenista do período pombalino e seus reflexos nas capitanias do norte da América portuguesa. Actas do Congresso Internacional o Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades. Lisboa: Instituto Camões, 2005. v. 1. p. 1-23.


Para saber mais:


AZEVEDO, Ana Elizabeth Lago de. O Diretório Pombalino em Pernambuco. Recife: UFPE, 2004. (Dissertação Mestrado em História).


CAVALCANTI, Alessandra Figueiredo. Aldeamentos e política indigenista no bispado de Pernambuco - séculos XVII e XVIII. Dissertação (Mestrado em História). Programa de PósGraduação em História, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, 2009.


GALINDO, Marcos. O governo das almas: a expansão colonial no país dos tapuias (1651-1798). São Paulo. Hucitec Editora, 2017.


LEITÃO, Ana Rita Bernardo. Problemática assistencial, sociocultural e educativa nas aldeias e missões do Real Colégio de Olinda (séculos XVII e XVIII) : contributos para a história indígena e do ensino do português no Brasil. Tese de doutoramento, História (História e Cultura do Brasil), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2012.


LOPES, Fátima Martins. Em nome da liberdade: as vilas de índios do Rio Grande do Norte sob o Diretório Pombalino no século XVIII. Recife: UFPE, 2005. (Tese Doutorado em História).


MEDEIROS, Ricardo Pinto de; MUTZENBERG, Demétrio. Cartografia histórica das relocações indígenas nas ilhas do Submédio São Francisco no período pombalino. Revista Ultramares, v. 05, p. 01-19, 2014.


MEDEIROS, Ricardo Pinto de; MUTZENBERG, Demétrio. Cartografia histórica dos povos indígenas em Pernambuco no século XVIII. Clio. Série Arqueológica. Recife, UFPE, v. 28, p. 180-209, 2013.



REGNI, Pietro Vittorino. Os Capuchinhos na Bahia: uma contribuição para a história da Igreja no Brasil. Vol. 2 (os capuchinhos italianos). Salvador: Editora Pallotti. 1988.


ROCHA, Vanessa Anelise Figueiredo da. Missões Franciscanas como ferramenta da conquista dos sertões de Pernambuco (1659-1763). Dissertação (Mestrado em História) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.


SALDANHA, Suely Maris. Fronteiras dos sertões: conflitos e resistência indígena em Pernambuco na Época de Pombal. Recife: UFPE, 2002. (Dissertação Mestrado em História).


SILVA, Jacionira Coelho. Arqueologia no Médio São Francisco indígenas, vaqueiros e missionários. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.


SILVA, Kalina Vanderlei Paiva da. 'Nas Solidões Vastas e Assustadoras': os pobres do açúcar e a conquista do sertão de Pernambuco nos séculos XVII e XVIII. Recife, UFPE: 2003 (Tese Doutorado em História).




Em letras pretas sobre fundo branco, o trecho composto por um título e um parágrafo de cinco linhas. As letras são cursivas e rebuscadas com espirais nas pontas das maiúsculas, como no alto da letra “b” e da letra “a”. As pernas das letras se alongam para cima ou para baixo.

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